Secciones: El Problema Español - Correo recibido - Prensa / Medios comunicaciónTítulo: Algunas reflexiones sobre la intención de destrucción de RTVE por el poder dominante en España por Mario Correia (en Portugués)- Enlace 1 Texto del artículo:
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A
TENTATIVA DE DESTRUIÇÃO DA RTVE
PELO PODER DOMINANTE EM ESPANHA
A propaganda é absolutamente enganadora mas não podemos perder de vista o essencial: não se trata de evitar gastos tidos como "descomunais" de dinheiros provenientes de fundos públicos mas tão só de em nome de um pretenso saneamento financeiro se aniquilar um serviço público para abrir oportunidades de negócio para o sector privado. Tanto mais que o eventual facto de se conterem gastos num determinado sector público não significa que a economia conseguida não seja mal invertida noutros sectores. E nem o argumento do tão propagandeado deficit das contas públicas, outrora tão utilizado para atacar o sector público e social, pode ser agora utilizado.
A tentativa de desmantelamento da RTVE reveste as mais diversas tácticas e manobras de diversão e de confusão da opinião pública e devemos permanecer atentos a todas as acções de propaganda do poder dominante, sem todavía perder de vista o essencial: na fase actual das democracias de base capitalista e liberal, é o poder económico quem condiciona e determina o poder político, transformando os partidos do poder (normalmente partilhando entre si o espectro central da sociedade) em instrumentos legitimadores (e pretensamente reguladores) das actividades económicas. Apoiando da forma como tem vindo a apoiar as campanhas eleitorais dos partidos vocacionados para a alternância (e não alternativa) no exercício do poder político, o poder económico determina a sua submissão às chamadas regras do mercado (de acordo com as quais se faz crer que o sector público dá prejuízo, devendo como tal ser sumariamente aniquilado, e que só o sector privado é capaz de gerar lucro e riqueza, para distribuir apenas por alguns, nunca se pondo em causa a má gestão da responsabilidade dos gestores políticos e a corrupção que grassa na esmagadora maioria dos serviços do sector publico).
Assim, de modo algum interessa ao poder económico que se verifique a existência de uma comunicação social pública livre e independente, não subserviente nem manipulada, contribuindo dessa forma para a manutenção de uma opinião pública autónoma e desalinhada relativamente aos interesses do poder dominante (que nem sempre coincidem com os reais interesses do povo, como tanto se esforçam por nos fazer crer). Não conseguindo o poder político subverter a independência do sector público da comunicação, então, para corresponder aos ditames do poder económico dominante, nada mais lhe resta senão avançar para o seu desmantelamento e destruição. Este é o esquema básico, a estratégia que preside à acção do poder político sobre o sector público da comunicação, seja em Espanha, seja em Portugal, seja onde for.
Claro que para o conseguir concretizar, o poder político agita o fantasma das poderosas e irrefutáveis razões económicas, inventando argumentos de um imperativo dito de interesse nacional, esgrimindo ratios de rentabilidade, manipulando índices de produtividade. Mas tal não passa de manobras de diversão para confrontar a opinião pública com a inevitabilidade do processo e, como tal, de desmobilizar as gentes.
A lógica é simples: se o poder político não consegue controlar e manipular o sector público da comunicação para satisfazer as exigências do poder económico (par o qual nós devemos ser apenas consumidores passivos e não reivindicadores, inertes e submissos) então a solução passa pela sua destruição pura e simples, fria e calculista. Tão simples como isto: se alguém não presta vassalagem à opinião dominante (que é, cada vez mais e no que nos diz mais directamente respeito na nossa qualidade de cidadãos, a ausência de opinião e a submissão a superiores interesses nacionais e
supranacionais, como "eles" costumam dizer) extingue-se a base em que assenta essa independência e pluralismo.
Portanto, que não haja ilusões:
1. O problema não está numa qualquer dívida da RTVE (e seria muito importante saber quem a criou, porque razão nunca foi controlada, a quem aproveitou, quem são os gestores responsáveis por esse desgoverno, amenos que os políticos entendam que não devem prestar contas dos seus actos na administração dos serviços do sector público!....) mas sim na necessidade de proporcionar e disponibilizar a todos os cidadãos um serviço público independente e pluralista, que nenhum sector privado pode garantir (simplesmente porque não lhe interessa fazê-lo nem está, não esteve nem nunca estará nos seus objectivos).
2. O problema não está nos índices de rentabilidade do sector público mas sim nos níveis de incompetência de natureza política que sobre ele incidem, pelo que é comple tamente falsa a ideia de que só o sector privado é capaz de gerar riqueza e bem-estar.
3. O problema não está nos índices de produtividade dos trabalhadores do sector público mas sim na incapacidade de gestão do poder político por razões de compadrio e de amiguismo e de manutenção de clientelismo partidário.
Para nós a questão de fundo está bem clara:
1. Para os poderes dominantes o problema está na existência de profissionais
independentes cujo trabalho contribui para a formação e informação de uma
opinião pública não manipulada e pluralista.
2. Para os poderes dominantes o problema está na existência de órgãos de comunicação social que recusam ser meros apêndices de propaganda dos reais interesses dos mesmos.
3. Para os poderes dominantes o problema reside na permanência e manutenção de órgãos de comunicação social com funções culturais e sociais não alinhadas pelos processos de homogeneização que nos querem ver reduzidos a consumidores passivos (se possível compulsivos quanto baste) e submissos, assim como a cidadãos eleitores sazonais sem capacidade para o exercício permanente e diário da cidadania (esse direito que os partidos políticos dopoder detestam ver exercido para lá dos limites por eles próprios controlados).
Sinceramente, é tudo isto que eu penso que está em causa nesse ataque por parte do poder político (ao serviço do poder económico dominante) ao sector público da comunicação em Espanha, corporizado pela RTVE.
Mário Correia
Director del Centro de Música Tradicional de Sendim (Tras Os Montes-Portugal)Artículo de www.profesionalespcm.org insertado por: El administrador web - Fecha: 23/06/2006 - Modificar
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